Para diminuir os impactos globais no meio ambiente, cientistas e estudiosos vêm alertando a população do planeta sobre a necessidade de se preocuparem com o crescente consumismo. Desde 1992, os alertas da comunidade científica para os líderes mundiais destacam um futuro ‘perigoso’ e irreversível, caso as tendências de consumo não sejam modificadas.
A pauta é tão preocupante, que NÃO estamos falando de um grupo de cientistas e, sim, mais 15 mil oriundos de 184 países. Então, vamos esperar os poderes públicos tomarem alguma iniciativa ou a própria sociedade, comunidade, bairro, condomínio, entre outros, podem contribuir para evitar essa profecia catastrófica?
Claro que podemos! E aqui, vamos te mostrar um dos pontos importantes de consumo que impacta diretamente o meio ambiente: a produção energia.
Luz para todos com menor custo
É possível consumir energia e ainda colaborar com a preservação da natureza?
Sim. E o nome dessa estrutura ou sistema é: Geração Compartilhada de Energia. Nesse artigo, vamos nos referir a energia solar. Por muitas razões já comprovadas, ela é segura, limpa e traz muitos benefícios para as questões ambientais e, também, para o nosso bolso.
Segundo os dados da IEA (Agência Internacional de Energia) as energias renováveis (solar e eólica) cresceram significativamente nas duas últimas décadas e o uso da energia fotovoltaica chegará a 30% em todo o mundo.
O que é a Geração Distribuída?
A geração compartilhada de energia solar foi criada em 2015, através da Resolução Normativa 687/2015 da ANEEL.
A Geração Compartilhada é uma das modalidades da Geração Distribuída (GD), que nada mais significa do que um termo para designar a energia elétrica produzida próxima ao local de consumo.
A Geração Distribuída possui, no total, quatro modalidades diferentes entre si. São elas: Geração junto à carga, o Auto consumo Remoto, a Geração Compartilhada e a Geração em Condomínio.
O mercado da Geração Distribuída só vem aumentando a cada ano. De acordo com a ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), a GD deve atingir 8GW (Gigawatt) ainda neste ano.
Para se ter uma ideia do tamanho disso, 1GW pode abastecer uma cidade com 500 mil residências. O que dizer de 8GW?
Segundo alguns especialistas em energia, a geração compartilhada é o módulo mais vantajoso da geração distribuída.
Vantagens da Geração Distribuída
As principais são:
- minimização dos impactos ambientais;
- poucas quedas de energia;
- utilização de microgrids (sistemas que contam com fontes próprias de geração, cargas controláveis e dispositivos de armazenamento. Operam de maneira independente da rede principal de energia, o que traz mais estabilidade diante de blackout e intempéries);
- diminuição de perdas elétricas;
Autoconsumo Remoto
Nessa modalidade há somente um proprietário e a energia gerada gerada atenderá apenas um CPF ou CNPJ. Caso o seu dono não consuma toda a energia sustentável gerada, ela é enviada a rede distribuidora e convertido em créditos para o uso posterior de seu próprio dono.
Geração Compartilhada
Muitas pessoas se reúnem e formam uma cooperativa ou consórcio de consumidores. O resultado é economia na energia e mais sustentabilidade. O valor investido para a compra das placas solares tem retorno a longo prazo e funciona como patrimônio financeiro do consumidor.
Geração junto à Carga
Aqui os consumidores possuem seu próprio sistema de geração de energia elétrica e fica no mesmo local de consumo. Eles próprios instalam os painéis solares em suas residências e, também, eles mesmos a consomem.
Geração em Condomínio
Essa modalidade serve para condomínios de casas ou apartamentos; podendo ser vertical ou horizontal. É intitulado como Empreendimento com Múltiplas Unidades Consumidoras pela ANEEL.
Dois jeitos de dizer a mesma coisa
NT 41 ou lei 14.300/22? Tanto faz, as duas coisas resultam na mesma
A NT 41 é a Nota Técnica 0041 da ANEEL, na qual foi regulamentada a lei 14.300/22. Ela contém 99 páginas, cheias de termos técnicos e palavras com significados complexos. Como a ideia aqui é elucidar os leitores, vamos resumir de maneira bem ‘geral’ o que constitui essa lei. Trata-se de regulamentações existentes, conceitos estabelecidos, proibições, critérios técnicos, regras, sistemas e resultados sobre o setor de energia.
Uma fonte com vários braços
O que faz da Geração compartilhada de energia solar uma escolha viável?
De acordo com a ABSOLAR, em 2017 o Brasil ocupava a 26º posição no ranking de países com maior produção de energia fotovoltaica, dois anos depois, subimos para o 16º lugar. Isso significa que o mercado de energia fotovoltaica no país cresce a passos largos.
Com a expansão das empresas a taxas de mais de 1000% ao ano, a preocupação com a preservação do meio ambiente e o crescimento populacional, o compartilhamento de energia tornou-se vantajoso e muito relevante.
A Geração Compartilhada de Energia Solar surge nesse cenário como uma ótima opção para empresas (pessoas jurídicas) e também para pessoas físicas, sendo necessário que ambas estejam em locais atendidos pela mesma rede distribuidora de energia (área de concessão ou permissão) por meio de consórcio de energia fotovoltaica ou cooperativa de energia solar.
Em ambos os nomes, a intenção é incentivar o consumo e geração compartilhada de energia advinda do sol. Entretanto, funcionam de maneiras diferentes.
Como funciona a Cooperativa de Energia solar
A Cooperativa de energia solar é a reunião de consumidores com o mesmo objetivo de instalar e utilizar energia fotovoltaica.
Apesar desse tipo energia custar mais barato para o consumidor, sua instalação é muito dispendiosa. Por essa razão, um grupo de pessoas se unem e formam essas cooperativas, o que diminui o valor investido de cada associado, sem alterar a qualidade do produto final. Como tudo é compartilhado, caso haja excedente de energia, ela é direcionada para a rede elétrica da concessionária de distribuição local e os créditos gerados são administrados pelos próprios cooperados.
Você deve estar se perguntando o que é preciso para montar uma cooperativa de energia solar. A primeira condição é encontrar pessoas físicas e empresas com os mesmos objetivos. Se tratando de um grupo de indivíduos que morem próximos, condomínios fechados e propriedades rurais podem ser o nicho desse tipo de compartilhamento de energia.
Outro quesito importante são as determinações inseridas no Código Civil e na Lei das Cooperativas. A entrada de novos cooperados também é permitido desde que se obedeça as condições estabelecidas no estatuto da cooperativa.
Na hora da divisão das cotas de energia entre os associados, deve ser considerada a média de consumo de eletricidade de cada unidade dentro da cooperativa.
Sistema de compensação
Essas três palavras estão muito presentes na geração compartilhada de energia solar. Trata-se daquela ‘sobra’ de energia elétrica que não consumida e que foi convertida em créditos pela concessionária. Esses créditos podem ser abatidos dos valores de contas de energia futuras.
Deve-se ressaltar que para processar esses créditos é necessário que a geração compartilhada de energia esteja ligada à rede pública e a partir daí, retransmitida a outros lugares.
Compensação em geração compartilhada
Basicamente, o que diferencia um sistema do outro é que no primeiro a energia é revertida para à rede pública, enquanto que no da geração compartilhada, é repassada para unidades consumidoras que estejam cadastradas com o mesmo CPF ou CNPJ, ou seja, tanto pessoa física quanto pessoa jurídica.
Como funciona o Consórcio de Energia Solar
Assim como as cooperativas, o consórcio de energia solar são formados por um grupo de indivíduos ou empresas que almejam adquirir um bem ou serviço em comum. A diferença entre eles está que os consórcios são organizados por administradoras e fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil.
Nesses consórcios, o valor a ser pago está estreitamente relacionado à conta de energia do cliente. No momento de escolher o consórcio para entrar, leve em consideração a credibilidade da empresa e se ela segue a regulamentação da ANEEL sobre a constituição de consórcios. Nesse sistema, a divisão de excedentes de créditos é livre, dessa forma, atente-se em cada linha do contrato.
Com o objetivo de incentivar as pessoas físicas e jurídicas a adotarem o consumo de energia proveniente dos raios solares no Brasil, criou-se o Consórcio Nacional de Energia Solar. Qualquer pessoa que tiver interesse utilizar a energia fotovoltaica terá a oportunidade de conseguir comprar e instalar um sistema solar como uma poupança programada.
Vantagens da geração compartilhada de energia solar
Além de ser prática e viável, a geração compartilhada de energia solar traz os seguintes pontos positivos:
Segurança – o valor da conta é baixa
Economia – apesar de investimento a longo prazo, o retorno financeiro é pago com o tempo pelo próprio sistema de energia
Redução de perdas
Menos desgaste ambiental
Proteção contra a inflação energética
Consumo mais racional de energia elétrica
Pode funcionar em qualquer parte do país
Regras que devem ser respeitadas
Assim como em vários setores, a Energia Solar Compartilhada deve seguir regras legislativas. A Resolução normativa 687 2015 é quem “dá as cartas” no compartilhamento e produção da energia fotovoltaica.
Ela também autoriza dois ou mais consumidores (pessoas físicas ou jurídicas) compartilhar da energia produzida por um mesmo sistema. A Resolução normativa nº 687 também estabelece três modalidades de compartilhamento de energia, como já citado acima, são elas:
Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras (condomínios);
Auto consumo remoto (Pessoa física ou Pessoa Jurídica);
Geração compartilhada (cooperativa ou consórcio)
Dicas antes de compartilhar energia fotovoltaica
Seguindo essas 4 dicas, dificilmente você terá decepções com o compartilhamento de energia solar.
1º Pesquise sobre consórcio de consumidores e cooperativas para a Geração Distribuídas
2º Faça uma relação de empresas verificas
3º Escolha o local onde será instalado o sistema fotovoltaico
4º Feche o financiamento do projeto como todas as pessoas envolvidas
O que vem pela frente
Empresas no ramo de energia com geração compartilhada já estão inovando ao lançar no mercado opções bem acessíveis para quem deseja consumir energia solar. Entre algumas novidades estão programas de fidelização e vale-energia.
Especialista em energia solar e responsável pelo Blog do Oferta Solar. Com expertise na área de energias renováveis, ele se dedica a fornecer informações precisas e atualizadas sobre tecnologia solar, tendências e soluções sustentáveis no Brasil.